11 janeiro 2016

Morre David Bowie




Antes de me tornar cristã, eu depositava minha confiança em uma divindade que oscilava entre o Deus cristão e o “deus interior” (ou força impessoal), um híbrido mal-ajambrado que sintetizava em minha mente as influências do meio em que eu circulava (espírita e esotérico) — alguém a quem eu orava vez ou outra enquanto conservava a certeza de que eu mesma era meu próprio Deus.

Isso começou a ser quebrado através de uma música de David Bowie chamada Quicksand (“areia movediça”). O refrão era anunciado pelas palavras “Não tenho mais o poder”, para arrematar: “Não acredite em si mesmo”. A cada vez em que ouvia essa música belíssima (e um tanto depressiva), sentia um tiro no coração que espatifava o tal deus interior. Mostrei-a para minha melhor amiga na época — que partilhava resolutamente de meus híbridos conceitos religiosos — e observei: “Mas não é um orgulho imenso esse negócio de acreditar em si mesmo?” Era o prenúncio de que em breve eu conheceria o verdadeiro Deus.

(Trecho de meu livro A mente de Cristo, publicado pela Vida Nova)

Um comentário:

Jonas Nardes Braga disse...

Muito legal. Fez me lembrar como Deus usou No Direction, do Bad Religion, para me mostrar que eu estava procurando orientação em que não tinha nem para si mesmo.