02 janeiro 2012

2011, uma retrospectiva

Logo no início de 2011, vivemos uma tragédia pessoal, em janeiro: a morte de nosso primeiro filho antes de nascer, com quase cinco meses. Deus sabe o quanto isso pode ser especialmente doloroso para quem, como nós, não acredita na balela de que, no ventre, os bebês são apenas um punhado de células. Nós nos relacionávamos com ele, do lado de fora, considerando-o de fato o que ele era: um bebezinho em formação. Eu especialmente me divertia quando, à noite, meio de bruços, eu mudava de posição e sentia o corpinho ainda minúsculo se deslocando para o lado inverso. Achava a coisa mais linda que aquela coisica já tivesse seus desconfortos e vontades. Nosso bebê agora está com Deus, e ainda pensamos nele com tristeza e saudade. Depois do parto (pois seria perigoso e muito pior tirá-lo por cesariana), enquanto voltávamos calados para casa, ouvi no rádio uma música muito triste de Caetano Veloso, cujo refrão era: “Que é que eu vou fazer pra te esquecer?” E respondia interiormente: nunca farei nada pra te esquecer. Não quero evitar essa dor (que será permanente, até a morte), não só porque é a evidência do amor que tivemos por ele, mas principalmente porque Deus estabeleceu seus limites, aqui e na eternidade: aqui, temos um consolo que neste mundo não se encontra; lá, teremos o reencontro tão ansiado. Até esse dia, sustentada pela maravilhosa graça, nossa lembrança continuará a ser “mais leve que o ar, tão doce de olhar, que nenhum adeus vai apagar”.

Em fevereiro, durante os dias do Carnaval, tivemos o Encontro da VINACC (Visão Nacional da Consciência Cristã), um evento inesquecível em Campina Grande, Paraíba. Falei a uma plateia bastante entusiasmada (mérito das pessoas que ali estavam, pois não sou uma grande oradora) sobre os perigos de uma cosmovisão que confunde o amor cristão com o amor marxista politicamente correto. No mesmo dia, ouvimos Don Richardson, autor de um dos livros mais importantes em minha formação cristã, O fator melquisedeque. Não perdi a oportunidade de dizer-lhe que aquele livro, lido por mim poucos meses depois da conversão, ampliou incrivelmente minha percepção de quão grande Deus é, pois, embora tenha escolhido fazer-se conhecido através de um Livro, Ele não se furtou a deixar pequenas marcas de Si mesmo em outras culturas desprovidas do texto bíblico. Com uma cativante modéstia, Richardson respondeu como se a obra não fosse dele, mas como quem, esquecido dos próprios esforços, ainda se maravilha com a descoberta: “Não é mesmo incrível?” Desnecessário contar que eu e André fizemos um rombo imenso em nossos bolsos, comprando muitos livros e alguns vídeos e cds. Ao longo do evento, todas as palestras a que assistimos, sem exceção, trouxeram ideias edificantes. Agradeço a Deus pelos irmãos que conheci (Tiago, Uziel, Ana, Euder, Paulo, Ricardo, Adauto, Ciro, Zé Mário) e que reencontrei (Augustus, Minka, Franklin, Marilene, Renato, Edson, Rozângela, Antônio). Tivemos a oportunidade de bater papos divertidos e instrutivos. Estaremos lá novamente este ano!

[Continua, na medida em que a tendinite deixar] ;-)