20 dezembro 2011

Comunismo coreano: idolatria e opressão

Há alguns anos, quando eu ainda trabalhava como professora de francês, caiu-me nas mãos uma revista feminina francesa que veiculava fotos de multidões de crianças chorando, rostos em desespero, com a simples visão pública do ditador coreano. A reportagem mostrava de que forma elas tinham sido treinadas para reagir assim, em uma calculada histeria coletiva. Aquelas imagens nunca mais saíram de minha mente, como um retrato emblemático da deformação da alma infantil. Não tenho mais a revista, mas qualquer pessoa pode pesquisar e, o inglês ajudando, compreender a crueldade de um regime que obriga as pessoas a adorarem seus líderes e as pune severamente quando se recusam a isso.

Pois morreu o ditador da Coreia do Norte, Kim-Jong il, deixando o mesmo legado comunista que conhecemos: fome generalizada, opressão, tirania, campos de concentração, idolatria (nesse caso, rasgada) e perda da liberdade, além de um punhado de armas nucleares que preocupam o mundo. No Brasil, que é governado por um partido comprometido ideologicamente, a mídia raramente ousa tratar das sistemáticas violações aos Direitos Humanos naquele país. Em uma rápida olhada pela internet, é impossível deixar de reconhecer que as notícias sobre essa morte são pouco informativas e, em geral, vergonhosas, enfatizando as lamentações (em grande número, forçadas!) e usando eufemismos como “mão de ferro” para o ditador cruel que queria a adoração como um deus. O comunismo brasileiro também mostrou de que lado está: a Folha de São Paulo veiculou a rasgada exaltação do PC do B ao regime. Não há desculpas para a falta de informação: até no You Tube há documentários que mostram a real face do totalitarismo comunista coreano.

A Coreia do Norte, hoje, é o primeiro país no ranking da perseguição religiosa, de acordo com o site Portas Abertas. Você, cristão, vai continuar a defender o comunismo? Busque informação e se posicione: você não pode ficar calado diante da perseguição, seja religiosa, seja política. Salgar o mundo, nesse caso, é abrir a boca pelos verdadeiros oprimidos dos sistemas comunistas em vigor, bem como denunciar a opressão em marcha nos países que ainda se consideram “democráticos” – uma opressão que tem sido praticada em nome do amorrrr politicamente correto, e que se revela na aprovação de leis mesquinhas que dão ao Estado o controle da consciência (lei contra a homofobia, lei da palmada, leis que buscam coibir a imprensa etc.), e isto em todo o mundo ocidental.

08 dezembro 2011

Maquiagem e teologia

Ainda não estou com o braço cem por cento, mas já me arrisco a escrever um pouquinho, aqui e ali. Uma amiga virtual, Renata, tem um excelente blog sobre maquiagem, do qual sou leitora assídua, chamado Conversa de beleza. No post de hoje, ela propôs que as leitoras escrevessem livremente suas opiniões sobre a seguinte citação, que ela retirou de um programa de tv e traduziu:

Mary (narração): Sempre me espantei com os objetivos da maquiagem: anti-sinais, firmadora, regeneradora, micro-escultora; pagar um absurdo em garrafinhas de 100mL. Fico estupefata. Honestamente, parece um safári. Quero dizer, até entendo. Em um nível, você quer mudar, se esconder, sentir-se como qualquer outro que não você – nem que seja por uma noite. Mas no final do dia, é o que seu reflexo exaurido lhe dirá todas as vezes, a maquiagem sai e tudo o que lhe resta é exatamente quem você é.

Eis meu comentário, que partilho com vocês:

Querida Renata,

Eu não resisto a filosofar e teologizar aqui um pouquinho, comunicando uma cosmovisão que está enraizada na minha escolha religiosa: o cristianismo bíblico. Eu não deixo a religião no “armário” das opiniões pessoais e subjetivas, sabe; para mim, a cosmovisão cristã é minha verdade. E fico feliz por você ter pedido a opinião das leitoras. :-)

Então, quando leio uma declaração dessas, a primeira coisa em que penso é: “Mas quem somos exatamente?” Acredito no pecado original, ou seja, acredito que os homens se separaram de Deus por escolha própria. Isso significa que nada no mundo é “normal”, nada é o que deveria ser. Assim, não somos perfeitos, ninguém é perfeito, e a perfeição só será alcançada no céu. Então, “ser o que você é” é “ser pecador”, com todos os efeitos do pecado, efeitos que não são somente morais, mas também têm a ver com a mortalidade – ou seja, com o fato de que nossos corpos são vulneráveis e tendem à destruição. Nesse contexto, “ser o que sou” não deve ser um lema, uma bandeira (a não ser que signifique “ser espontâneo e autêntico”, no sentido da sinceridade), porque meu “ser natural” inclui todas as minhas imperfeições, e todo mundo quer se aperfeiçoar, ser melhor do que é. No âmbito moral, não há “maquiagem” que resolva: nossos “podres” precisam ser identificados, perdoados e depositados aos pés da cruz de Cristo; no âmbito estético, a maquiagem é muito bem-vinda e devemos lançar mão dela incondicionalmente. Mas, mesmo no âmbito estético, em Cristo nós temos a promessa de um céu onde, certamente, ninguém precisará de maquiagem. ;-)

A segunda coisa em que penso é menos teológica e mais estética mesmo. De novo, pergunto: “Mas quem somos exatamente?” Tudo modifica nossa aparência: a luz, as cores do ambiente, o clima, as emoções, os adornos, as roupas que vestimos. Ninguém tem controle total sobre a própria aparência, seria impossível. Mas temos algum controle, e é justamente isso que a maquiagem, os cosméticos e a moda nos possibilitam: usar a luz, as cores, as texturas, os formatos, os adereços a nosso favor. A autora da citação, para ser coerente, teria que andar pelada e deixar de usar até desodorante. O que ela afirma contradiz a própria civilização.

Para resumir, o texto dela é uma amostra da filosofia do “bom selvagem” aplicada ao mundo do make up. Não posso concordar com o naturalismo que ela advoga. E também é uma confusão entre esferas: ela está expressando uma preocupação existencial através de algo que é estético. Isso é exigir demais da maquiagem ou da não-maquiagem. No final do dia, quando olho no espelho, o que resta é simplesmente uma Norma com o rosto lavado! :-D

Grande beijo e obrigada por pedir respostas espontâneas!